quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Filhos: “posso bisbilhotar no seu celular?”


Uma grande tentação de muitas mães e pais, quando as nossas filhas e os nossos filhos deixam de ser crianças, é tentar saber por onde andam navegando na Internet, o que assistem no Smartphone, quem seguem no Instagram ou curtem no Facebook e com quem conversam e sobre o quê no Whatsapp. Até que ponto podemos nos intrometer? Temos o direito de bisbilhotar no seu celular?

Não há educação sem liberdade. Alguns animais podem ser adestrados para que assumam determinado comportamento. Já ser humano pode ser educado, nunca adestrado. E educar está muito relacionado com a atitude de transmitir conhecimentos ou experiências, propor condutas ou modos de agir, sugerir e orientar. Porém, o educando somente poderá apreender o que lhe é transmitido e aplicá-lo na sua vida se o quiser livremente.
Essa noção de educação, porém, pressupõe que se tenha verdadeiro conceito de liberdade, que é a capacidade de agir ou não agir e, assim, de realizar por si mesmo ações conscientes e deliberadas. Mas a liberdade somente atinge a sua perfeição se for orientada para a busca do bem. Isso implica, em última análise, no seguimento da missão que Deus confia a cada ser humano.
Disso podemos concluir que as nossas filhas e os nossos filhos somente serão pessoas íntegras, honestas, justas, fortes e prudentes se se decidirem a sê-lo livremente. Jamais conseguiremos forçá-las(os) a isso.
Essa consideração, num primeiro momento, pode causar aflição. Com efeito, se temos de respeitar a liberdade das nossas filhas e dos nossos filhos, ao notarmos que se enveredam por caminhos tortuosos, nos quais sabemos que não encontrarão a paz e a felicidade tão almejada, sentimo-nos angustiados e, não raras vezes, impotentes para enfrentar a situação.
Um bom caminho para reencontrarmos a tranquilidade – e também agirmos de maneira mais eficaz – é considerar que as filhas e os filhos, antes de serem nossos, são filhas e filhos de Deus. É Ele quem nos confia a missão de orientá-los e guia-los pelos caminhos deste mundo. Muitas vezes nos esquecemos dessa realidade e por isso perdemos a paz.
Se formos mães e pais atentos, que se interessam pelos seus assuntos, que se esforçam para ir busca-las(os) ao final de uma festa, p.ex., ainda que tenham carona de um amigo, se observamos como se comportam em casa, em suma, se olhamos nos olhos e procuramos saber se estão felizes, não é necessário bisbilhotar no celular. Isso porque, quando estamos atentos e vigilantes, os fatos que são relevantes para educa-las(os) bem, no momento adequado, ficaremos sabendo, sem a necessidade de invadir sem permissão a sua intimidade.
Além disso, é fundamental demonstrarmos confiança. É preferível correr o risco de que nos enganem – ou pensem nos enganar – uma vez ou outra, do que demonstrar desconfiança. Quando sabem que confiamos nelas(es), isso, por si só, é um alento enorme para agirem bem. Sabemos por experiência própria o quão difícil é desapontar uma pessoa a quem amamos e que confia em nós.
Somos cooperadores de Deus nessa nobre e sublime missão de educar. Não pretendamos, portanto, substituí-Lo nisso. Ele sim sabe absolutamente tudo o que as nossas filhas e os nossos filhos fazem e pensam a cada instante. E, se formos fiéis ao que Ele nos confia, no momento adequado fará com que saibamos o que for necessário.
A liberdade é um dos maiores dons que nos foi concedido. Não é possível educar seres livres suprimindo-a ou desrespeitando-a, precisamente porque uma grande meta da educação é precisamente ensinar a utilizá-la com responsabilidade.
Se quiser saber mais sobre isso, assista ao vídeo que está disponibilizado em meu canal do Youtube : https://www.youtube.com/watch?v=l0hHhWiuP9U

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