Uma grande tentação de
muitas mães e pais, quando as nossas filhas e os nossos filhos deixam de ser
crianças, é tentar saber por onde andam navegando na Internet, o que assistem
no Smartphone, quem seguem no Instagram ou curtem no Facebook e com quem
conversam e sobre o quê no Whatsapp. Até que ponto podemos nos intrometer? Temos
o direito de bisbilhotar no seu celular?
Não há educação sem
liberdade. Alguns animais podem ser adestrados para que assumam determinado
comportamento. Já ser humano pode ser educado, nunca adestrado. E educar está
muito relacionado com a atitude de transmitir conhecimentos ou experiências, propor
condutas ou modos de agir, sugerir e orientar. Porém, o educando somente poderá
apreender o que lhe é transmitido e aplicá-lo na sua vida se o quiser
livremente.
Essa noção de educação,
porém, pressupõe que se tenha verdadeiro conceito de liberdade, que é a
capacidade de agir ou não agir e, assim, de realizar por si mesmo ações conscientes
e deliberadas. Mas a liberdade somente atinge a sua perfeição se for orientada para
a busca do bem. Isso implica, em última análise, no seguimento da missão que
Deus confia a cada ser humano.
Disso podemos concluir
que as nossas filhas e os nossos filhos somente serão pessoas íntegras,
honestas, justas, fortes e prudentes se se decidirem a sê-lo livremente. Jamais
conseguiremos forçá-las(os) a isso.
Essa consideração, num
primeiro momento, pode causar aflição. Com efeito, se temos de respeitar a
liberdade das nossas filhas e dos nossos filhos, ao notarmos que se enveredam
por caminhos tortuosos, nos quais sabemos que não encontrarão a paz e a
felicidade tão almejada, sentimo-nos angustiados e, não raras vezes, impotentes
para enfrentar a situação.
Um bom caminho para
reencontrarmos a tranquilidade – e também agirmos de maneira mais eficaz – é
considerar que as filhas e os filhos, antes de serem nossos, são filhas e
filhos de Deus. É Ele quem nos confia a missão de orientá-los e guia-los pelos
caminhos deste mundo. Muitas vezes nos esquecemos dessa realidade e por isso
perdemos a paz.
Se formos mães e pais
atentos, que se interessam pelos seus assuntos, que se esforçam para ir
busca-las(os) ao final de uma festa, p.ex., ainda que tenham carona de um
amigo, se observamos como se comportam em casa, em suma, se olhamos nos olhos e
procuramos saber se estão felizes, não é necessário bisbilhotar no celular. Isso
porque, quando estamos atentos e vigilantes, os fatos que são relevantes para
educa-las(os) bem, no momento adequado, ficaremos sabendo, sem a necessidade de
invadir sem permissão a sua intimidade.
Além disso, é
fundamental demonstrarmos confiança. É preferível correr o risco de que nos
enganem – ou pensem nos enganar – uma vez ou outra, do que demonstrar
desconfiança. Quando sabem que confiamos nelas(es), isso, por si só, é um
alento enorme para agirem bem. Sabemos por experiência própria o quão difícil é
desapontar uma pessoa a quem amamos e que confia em nós.
Somos cooperadores de
Deus nessa nobre e sublime missão de educar. Não pretendamos, portanto,
substituí-Lo nisso. Ele sim sabe absolutamente tudo o que as nossas filhas e os
nossos filhos fazem e pensam a cada instante. E, se formos fiéis ao que Ele nos
confia, no momento adequado fará com que saibamos o que for necessário.
A liberdade é um dos
maiores dons que nos foi concedido. Não é possível educar seres livres
suprimindo-a ou desrespeitando-a, precisamente porque uma grande meta da
educação é precisamente ensinar a utilizá-la com responsabilidade.
Se quiser saber mais
sobre isso, assista ao vídeo que está disponibilizado em meu canal do Youtube :
https://www.youtube.com/watch?v=l0hHhWiuP9U
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