Certa
vez, um orientador familiar ouviu de um casal que estava pensando no divórcio,
pois começaram a brigar e a discutir muito por motivo de dinheiro, ou melhor,
pela falta dele. E o especialista respondeu com simplicidade: “Vocês vão se
separar porque a grana tá curta?! Mas como ficarão, depois, os custos de dois
imóveis, as duas contas de energia, de água, de condomínio etc.? Não é
irracional a solução que encontraram para esse problema?”.
Embora
o raciocínio esteja correto, a questão não é simples. Há muitos sentimentos
envolvidos, de modo que o problema, no fundo, não é puramente econômico.
A
gestão do orçamento familiar é complicada, principalmente quando a grana está
curta. Imaginemos uma família na qual o marido controla as finanças e a esposa
costuma perguntar antes de efetuar os gastos mais relevantes. E, num
determinado momento, ela pergunta se pode comprar roupa para ela e para os
filhos, ao que ele responde que não. E, logo em seguida, aparece em casa com um
celular novo ou um equipamento de última geração “necessário” para o esporte
favorito dele. É provável que ela se sinta desprezada e pense que as suas
necessidades não têm importância para ele, com os atritos e frustrações que
isso pode ensejar à vida do casal.
Uma
possível solução é o casal participar conjuntamente na elaboração de um
orçamento para a família. Nele se poderão definir os limites de gastos para
cada item. Mas isso não basta. Também convém que seja feito num local acessível
para que ambos possam acompanhar a evolução durante um determinado período,
normalmente ao longo do mês. Há muitos aplicativos disponíveis que permitem
essa gestão.
Há
famílias que enfrentam esse problema de outra maneira. Simplesmente se separam
as contas, cada qual assumindo a sua parcela de responsabilidade. De fato, num
primeiro momento, esse modelo de gestão é menos propício a conflitos. No
entanto, em algumas situações, esse modelo pode ser indício de vidas paralelas.
Ou seja, há muito meu e seu e pouco nosso nessa relação. Mas esse modelo também
não é imune a conflitos. Isso porque, se no dia-a-dia cada qual usa a sua
receita como quiser, arcando com as despesas comuns que assumiu, por outro, se
algum dos dois entrar em desequilíbrio muito acentuado e o outro for chamado a
socorre-lo(a), pode ser que o conflito seja ainda mais intenso.
Enfim,
dizem que o dinheiro não é problema, mas solução. Certo? Nem sempre. A gestão
dos recursos disponíveis na família, como também todas as demais questões que
podem surgir na vida do casal são oportunidades que a vida lhes apresenta para
se unirem ou se distanciarem. Tudo depende da perspectiva que é analisado e,
principalmente, das escolhas e decisões que se faz a cada instante das suas
vidas.
No
mundo corporativo são muito comuns as reuniões de trabalho para debater e
encontrar soluções para os inúmeros problemas que surgem no dia-a-dia da
empresa. Penso que a mesma ferramenta deve ser utilizada para a família. Que o
casal encontre um dia da semana para ter um “encontro de negócios”. Nele podem
ser tratados os assuntos referentes à administração da família, ao
relacionamento conjugal, à educação dos filhos, à solução dos problemas que
surgirem e, também, da questão econômica. Essa não é a principal nem a mais
importante, mas muitas vezes é um meio para que todos os demais projetos se
desenvolvam.
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