sexta-feira, 13 de março de 2020

Quando o assunto é dinheiro...


Certa vez, um orientador familiar ouviu de um casal que estava pensando no divórcio, pois começaram a brigar e a discutir muito por motivo de dinheiro, ou melhor, pela falta dele. E o especialista respondeu com simplicidade: “Vocês vão se separar porque a grana tá curta?! Mas como ficarão, depois, os custos de dois imóveis, as duas contas de energia, de água, de condomínio etc.? Não é irracional a solução que encontraram para esse problema?”.
Embora o raciocínio esteja correto, a questão não é simples. Há muitos sentimentos envolvidos, de modo que o problema, no fundo, não é puramente econômico.
A gestão do orçamento familiar é complicada, principalmente quando a grana está curta. Imaginemos uma família na qual o marido controla as finanças e a esposa costuma perguntar antes de efetuar os gastos mais relevantes. E, num determinado momento, ela pergunta se pode comprar roupa para ela e para os filhos, ao que ele responde que não. E, logo em seguida, aparece em casa com um celular novo ou um equipamento de última geração “necessário” para o esporte favorito dele. É provável que ela se sinta desprezada e pense que as suas necessidades não têm importância para ele, com os atritos e frustrações que isso pode ensejar à vida do casal.
Uma possível solução é o casal participar conjuntamente na elaboração de um orçamento para a família. Nele se poderão definir os limites de gastos para cada item. Mas isso não basta. Também convém que seja feito num local acessível para que ambos possam acompanhar a evolução durante um determinado período, normalmente ao longo do mês. Há muitos aplicativos disponíveis que permitem essa gestão.
Há famílias que enfrentam esse problema de outra maneira. Simplesmente se separam as contas, cada qual assumindo a sua parcela de responsabilidade. De fato, num primeiro momento, esse modelo de gestão é menos propício a conflitos. No entanto, em algumas situações, esse modelo pode ser indício de vidas paralelas. Ou seja, há muito meu e seu e pouco nosso nessa relação. Mas esse modelo também não é imune a conflitos. Isso porque, se no dia-a-dia cada qual usa a sua receita como quiser, arcando com as despesas comuns que assumiu, por outro, se algum dos dois entrar em desequilíbrio muito acentuado e o outro for chamado a socorre-lo(a), pode ser que o conflito seja ainda mais intenso.
Enfim, dizem que o dinheiro não é problema, mas solução. Certo? Nem sempre. A gestão dos recursos disponíveis na família, como também todas as demais questões que podem surgir na vida do casal são oportunidades que a vida lhes apresenta para se unirem ou se distanciarem. Tudo depende da perspectiva que é analisado e, principalmente, das escolhas e decisões que se faz a cada instante das suas vidas.
No mundo corporativo são muito comuns as reuniões de trabalho para debater e encontrar soluções para os inúmeros problemas que surgem no dia-a-dia da empresa. Penso que a mesma ferramenta deve ser utilizada para a família. Que o casal encontre um dia da semana para ter um “encontro de negócios”. Nele podem ser tratados os assuntos referentes à administração da família, ao relacionamento conjugal, à educação dos filhos, à solução dos problemas que surgirem e, também, da questão econômica. Essa não é a principal nem a mais importante, mas muitas vezes é um meio para que todos os demais projetos se desenvolvam.

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