segunda-feira, 18 de junho de 2012

Festas juninas

Num dia desses, assisti a uma quadrilha numa festa junina. Não sei o que se passa com o leitor, mas a mim muito me impressiona a extrema simplicidade da dança, tanto que qualquer um pode dançar. Mas, ao mesmo tempo, como é alegre! Aquele que comanda diz: “olha chuva!” e as pessoas, com um “uh!”, mudam o rumo e seguem o caminho contrário... “É mentira!”, “ah!” e tornam a mudar o rumo. É tão simples e alegre, que dá para nos perguntarmos como que pode se manter tal tradição nos dias de hoje.
A dança da quadrilha é muito simples. Exatamente por isso contrasta com o estilo de vida de muitas pessoas de nosso tempo, em que há uma excessiva e desnecessária complicação. E esse complicar-se pode ocorrer de vários modos. O mais freqüente deles é querer parecer ser o que não se é, ou ainda ter um afã desordenado de que os outros façam de si próprio um conceito favorável. Não há nada de errado em desejar ter uma boa reputação e de ser estimado pelos demais. No entanto, algumas pessoas fazem disso uma obsessão e se perdem em infindáveis considerações: “o que é que vão pensar de mim?”, “como me devo portar naquela ocasião para que não pensem que...”. Enfim, vivem preocupadas com o que os outros irão pensar e, ao contrário, não se ocupam de verdade em ser melhores, mas apenas em parecer que o são.
O outro ingrediente da dança é a alegria. E como contrasta com o azedume de muitas pessoas de nosso tempo! Se quisermos ter um retrato disso, contemplemos como se comportam, por exemplo, muitos profissionais dos meios de comunicação. Com freqüência encontrarmos artigos ou comentários com um tom de críticas tão azedas que, ao final, ficamos com uma sensação mais ou menos do tipo: “Puxa, acho que está tudo perdido mesmo!”. Porém, há que se perguntar: o que se ganha com isso? Ou, antes ainda, por quê?
As causas são muito variadas e não permitem uma análise superficial. Mas penso que tem uma forte influência a formação que está sendo dada às nossas crianças. É necessário que os educadores, em especial os pais e os professores, estejam aptos a dar uma formação completa aos filhos e alunos. E quando se diz em completa, devemos nos atentar para os grandes questionamentos que precisam ser respondidos: por que estou aqui? O que devo fazer para encontrar a felicidade? Quem irá me ensinar esse caminho?
É que a tristeza e as complicações somente entram nas pessoas se encontrarem um espaço livre para elas, espaço esse que poderia ser preenchido por bons momentos em suas vidas, tal como a quadrilha é antecedida por saborosos pés-de-moleque.
É preciso que se fomente na escola um ambiente sadio, propenso a que cada um seja recebido e estimado como é, sem a necessidade de parecer ser algo para ser recebido. Ao mesmo tempo, evidentemente, os profissionais da educação (professores, coordenadores, diretores etc.) devem estar aptos a fomentar nos alunos o crescimento nos valores humanos.
E algo semelhante, e talvez com maior intensidade, há de ser feito em casa. Conheço algumas famílias em que o programa noturno não se limita à televisão. Reúnem-se após o jantar para contar coisas divertidas, relatar fatos interessantes e agradáveis do dia de cada um, por vezes esboçam um pequeno teatro. Enfim, vivem-se bons momentos juntos. Assim, formam-se pessoas simples e alegres, ainda que também extremamente fortes para enfrentar as agruras da vida.

A quem observa a quadrilha de fora parece algo inútil e sem sentido: ora vão para um lado, ora para o outro, e gritam e riem feito uns bobos... Mas quem a olha de dentro, não a vê como algo sem sentido. Ao contrário, os atores entram por um lado, seguem, voltam, avançam, retrocedem, acertam, erram e, ao final, saem por outro local. Trata-se de uma passagem rápida, é verdade, não dura mais que uns instantes. Mas souberam entrar sorrindo e se despedir felizes. E quem não gostaria que fosse assim a sua passagem por esta vida: simples e alegre?

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