Uma menina, de seis anos,
assistia TV com a mãe e o irmão mais novo. O programa suscitou-lhe uma
preocupação que a moveu a dizer à mãe: “Você me promete que nunca vai se
separar do papai?”.
Um amigo meu, já casado e com
filhos, vivenciou um risco sério de separação dos pais. Apesar de não mais
residir com eles e já ter a própria família constituída, aquela experiência lhe
foi tão dolorosa que fez o seguinte comentário: “Senti-me como se estivessem me
rasgando ao meio. Creio que se me fizessem isso não doeria tanto quanto me dói
pensar que o casamento deles pode fracassar nesse momento das suas vidas!”.
Por mais que se pregue e diga o
contrário, um dos nossos maiores anseios é que nosso pai e nossa mãe se amem. O
que verdadeiramente dá sentido às nossas vidas é o amor. Por isso, queremos
encontrar em nossa origem um ato de amor que, por ser verdadeiro, é duradouro e
capaz de sobreviver às diversas intempéries da vida. Esse é o motivo pelo qual a
simples ameaça de separação dos pais nos é tão dolorosa.
Mas se é assim, por que será que
há tanto divórcio e separação em nosso tempo?
Afirma a ciência que o ser humano
não é capaz de se manter íntegro sem proteção fora da atmosfera. A massa de ar
exerce uma pressão que nos é essencial para a sobrevivência. De certo modo, um
papel semelhante desempenha a sociedade em relação à família. Ao mesmo tempo
que a estabilidade da família é fundamental para a subsistência da sociedade e
do próprio Estado, também ela depende do auxílio e proteção desses organismos
sociais maiores.
Apesar disso, muito pouco ou
quase nada se tem feito para manter a família saudável. Bem ao contrário,
muitas vezes se tem proposto a banalização do divórcio, as uniões passageiras e
inconsequentes como um sinal de avanço e “liberação de antigos tabus”. Sem
querermos nos perdem num saudosismo vazio, temos de reconhecer que esse
fenômeno é relativamente recente. Há décadas atrás havia uma proteção da
sociedade pela estabilidade da família. Tomemos como exemplo o que aconteceu
com o memorável jogador da seleção brasileira de futebol, Mané Garrincha:
“Volta para casa! Acredito que
muitos ainda se recordam dessa frase, dita aos gritos no Maracanã, dirigida ao
mais famoso ponta-direita da seleção brasileira:
“– Volta para casa, Mané! Mané,
volta para casa!
“Os torcedores queriam que Mané
Garrincha voltasse para a sua família, para os seus filhos, a quem tinha
largado para se juntar a uma conhecida cantora” (texto extraído do livro AS
CRISES CONJUGAIS, de Rafael Llano Cifuentes).
Nesse contexto, social era mais
fácil promover a unidade e a estabilidade do casamento e da família. Ao
contrário, quando os meios de comunicação social, em especial as nossas
telenovelas, e por vezes até programas promovidos ou subvencionados pelo Estado,
facilitam a desagregação da família, essa fica extremamente vulnerável.
Mas o sucesso do casamento e, por
consequência, a unidade da família, depende muito especialmente dos cônjuges.
Talvez já tenhamos ouvido o seguinte questionamento: “o que é melhor: a
separação ou que pai e mãe fiquem brigando a todo tempo diante dos filhos?”.
Ora, o melhor é que fiquem juntos e não briguem diante dos filhos.
Não pretendemos fomentar uma
visão preconceituosa em relação aos inúmeros pais e mães cujas uniões não deram
certo. Mesmo nessa situação podem desempenhar magnificamente a maternidade e a
paternidade. No entanto, é inegável que os filhos têm a necessidade do pai e da
mãe juntos. Quando isso falta, é possível suprir por outros meios, mas essa
situação está longe de ser a melhor para a sua formação.
Mais interessante que a pergunta
feita pela garotinha, foi a resposta que obteve da mãe: “Filhinha, há alguns
anos eu prometi ao sei pai que aquele compromisso que assumi com ele era para
sempre. E veja que você ainda nem existia... Assim, não tenho o menor receio de
renovar aquela promessa: meu amor, eu me casei com o seu pai para sempre”. O
pai, que fingia ler o jornal na sala ao lado, sorriu satisfeito: “esse foi
verdadeiramente o melhor presente de dia dos pais!”.
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