Há algumas semanas participei de
uma entrevista na TV Século 21. O programa esteve voltado para uma homenagem ao
dia dos pais. Chegaram e-mails de
muitos lugares. Um deles, porém, merece uma análise mais profunda. Transcrevo a
mensagem:
“Ser pai é saber educar, é não
ter medo de errar, é achar que a sua esposa e seus filhos são o seu maior
presente. Que até daria a vida pelo filho. Sabe o que faz e faz porque ama. Ele
é exemplo. Um pai de verdade é isso: ama e não desiste da sua mulher e filho
para sempre. O pai tem um papel tão importante quando o da mãe” (Maria Clara,
Campinas-SP, 10 anos).
Apesar de ter apenas com dez anos,
a autora da mensagem já sabe que o fundamental na paternidade, como na
maternidade, é saber educar. E educar
não é só contratar bons colégios, ainda que esses possam prestar uma ajuda
inestimável. Também não é delegar para outras pessoas (babás, empregadas etc.)
a atribuição de formar os filhos. É uma missão que cabe primordialmente aos
pais, ainda que possam contar com bons colaboradores.
Ser pai “é não ter medo de
errar”. De fato, pai e mãe querem acertar, porém, nem sempre conseguem. Apesar
disso, devem saber ousar. A paternidade e a maternidade, hoje como sempre, é
uma enorme ousadia. Com efeito, trazemos homens e mulheres livres ao mundo. Bem
por isso a felicidade a quem tanto anseiam somente poderá ser encontrada por
eles próprios, trilhando livremente os caminhos que lhes estão reservados.
Ser pai “é achar que a sua esposa
e seus filhos são o seu maior presente”. Soube, há certo tempo, que um pai bem
sucedido mandou imprimir cartões de visita com a fotografia da sua família,
recheada de filhos e netos. E, quando lhe perguntavam o porquê disso, respondia
todo satisfeito: “É que esse é o único negócio que deu certo para mim”. Aquele
bom homem passou por inúmeros reveses econômicos, mas soube formar uma família feliz,
que agora lhe dá muito consolo, ainda que não poucas tenham sido, também, as
dificuldades por que passou para educa-los.
Um pai “até daria a vida pelo
filho”. O amor do pai traz em si a disposição ao sacrifício. Mas será que
estamos dispostos a sacrificar, também, ao menos de vez em quando, o futebol, a
cervejinha com os amigos, as horas e horas diante do computador ou mesmo o
excesso de trabalho que rouba o tempo do convívio familiar? Com efeito, para
dar a vida é necessário estar disposto a, antes disso, dar o nosso tempo. Além
disso, somente é capaz de grandes façanhas quem sabe se doar nas pequenas coisas
de cada dia, por amor.
“Sabe o que faz e faz porque
ama”. O pai não pode improvisar. Para educar é preciso conhecer, é preciso
estudar para saber o que faz. O ambiente em que os nossos filhos estão
inseridos no mundo de hoje exige grandes desafios que o simples bom senso,
muitas vezes, não é suficiente. E a razão mais importante para se dedicar a
fazer cursos e a buscar orientação sobre como educar os filhos, como bem disse
a Maria Clara, é o amor.
“Ele é exemplo”. Mais que dar
sermões ou broncas, que são de pouco valor e de nenhuma eficácia pedagógica,
pai e mãe deveriam cuidar muito especialmente do exemplo de integridade,
respeito e coerência de vida.
“Um pai de verdade é isso: ama e
não desiste da sua mulher e filho para sempre”. O êxito nunca é certo na
educação. Quantos exemplos encontramos de pais dedicados, com famílias bem
constituídas e que, apesar disso, um filho ou uma filha se enveredam por
caminhos tortuosos (drogas, alcoolismo etc.). Nesses casos, penso que a maior
virtude dos pais é a perseverança que os leva a não desistir jamais.
“O pai tem um papel tão
importante quando o da mãe”. Fantástico! De fato, onde está dito que é apenas a
mãe que deve se ocupar de educar, de cuidar da lição de casa, de que tenham
bons hábitos etc.? Assim como ambos atuam na sublime missão de dar a vida, ambos
hão de se engajar, com sintonia e dedicação, nessa fantástica aventura.
Contemplando essa mensagem,
confesso ao leitor que fiz um propósito: ouvir mais atentamente às crianças. É
que na simplicidade das suas palavras podemos encontrar grandes verdades,
muitas vezes já esquecidas por nós, adultos.
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