Inicia-se mais um mês de
dezembro e, com ele, acendem-se as luzes a nos lembrar de que mais um Natal se
aproxima. A ansiedade das crianças em saber quando montaremos a árvore e
colocaremos os enfeites natalinos na casa, a decoração nos shoppings e nas ruas
são prenúncios desta comemoração.
O Natal é uma festa da
alegria. Não dá para celebrá-lo com tristeza. Como então, estar alegre,
sobretudo nesse tempo?
Quando se fala em alegria, vem à
nossa mente um sentimento prazeroso, que gostaríamos de tê-lo sempre conosco. Porém,
pensamos ser um estado de ânimo, que
depende de fatores externos e internos
que não estão ao nosso controle: saúde, dinheiro, paz na família e no ambiente
de trabalho etc.
Mas será que a alegria,
que nos é tão fundamental na vida, sobretudo no Natal, é um mero sentimento que
nada podermos fazer para alimentá-lo?
Penso que a alegria é,
sim, um sentimento. Porém,, mais que
isso, é também uma virtude. E, nesse sentido, estar habitualmente alegre
depende de uma luta que se trava em nosso interior. No entanto, essa “batalha”
não se dá por alcançar como que artificialmente esse estado de ânimo, como
aqueles que fingem grandes gargalhadas para disfarçar a amargura que trazem na
alma.
No fundo, a luta há de se
travar naquilo que nos poderá trazer verdadeiramente a alegria. Vale dizer, há
que se saber buscá-la na sua fonte.
Uma delas é o esquecimento
próprio que nos leva a nos doarmos aos outros – esposa, marido, filhos, amigos
– por amor. É curioso notar como aquelas pessoas que não pensam em si, que dão
como sentido às suas vidas na busca por agradar aos demais estão habitualmente
alegres. Quando pensamos nelas, talvez pensemos que seriam tristonhas e
abatidas. No entanto, na verdade são aquelas que constroem a sua alegria em
bases mais sólidas.
Outra fonte inesgotável de
alegria é encontrar um sentido profundo e verdadeiro para as nossas vidas. Quem
sabe que tem uma missão e preenche os dias da sua vida na busca por segui-la
encontra a realização e a paz que não podem ser destruídas pelas adversidades,
por maiores que sejam.
Além disso, a forma com que se
encara a própria morte é também uma fonte de tristeza ou de alegria. Imaginemos
como nos sentiríamos se tomássemos um avião sabendo que, no meio da viagem, ele
se chocaria contra um rochedo. De certo modo, é assim que se sentem as pessoas
sem fé, que acreditam que ao fim desta vida tudo se acabará, tudo estará
aniquilado. Ao contrário, aqueles que creem na vida eterna caminham mais
seguros de si, sem medo da vida nem morte, construindo dia a dia uma felicidade
que um dia simplesmente atingirá a sua perfeição.
O tempo do Natal é também de
reflexão. Assim como uma estrela guiou aqueles magos do oriente até onde estava
o Menino, também nós temos algo a nos guiar. E um guia seguro de que estamos no
caminho certo é a alegria habitual, assim como a tristeza frequente é o sinal
de que seguimos caminhos errados, que não nos conduzem à vida.
Talvez muitos de nós já tenhamos
experimentado uma alegria mais profunda e duradoura quando praticamos uma ação
verdadeiramente boa para os outros, como visitar um doente, esforçando por lhe
dizer coisas amenas, ou quando visitamos alguma instituição que cuida de
crianças ou idosos abandonados, ou ainda quando realizamos um simples gesto de
ajudar um idoso a atravessar uma rua.
E então ficamos como que
perplexos, sem saber de onde brotou essa alegria. No entanto, ela surge porque
entrou no nosso coração. E esse tem uma porta que somente abre para fora.
Quando tentamos abri-la para dentro, para o nosso egoísmo, para os nossos
interesses mesquinhos, mais a fechamos. No entanto, quando abrimo-la para fora,
com um amor desinteressado, então por ela entra uma brisa suave de alegria, paz
e serenidade que o mundo nem ninguém nos poderão roubá-la.
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