Agora que se aproxima o final do
ano, é comum fazermos propósitos para essa nova etapa das nossas vidas. Muitos
também fazem uma espécie de balanço dos últimos doze meses: o que conquistamos,
os avanços (ou retrocessos) que obtivemos na profissão, nos negócios etc.
Penso que se trata de uma prática
saudável. É que precisamos de novas motivações para continuar com perseverança
nesse nosso caminhar. Um dos piores males que haveríamos de evitar é o
desalento, que nos leva a ficar à beira do caminho, numa triste e lamurienta
paralisia, com argumentos do tipo “eu desisto”, “não vale a pena”, ou ainda “eu
já tentei tantas vezes e não deu certo...”.
Há pesquisas científicas,
realizadas com critério e seriedade, que apontam que as pessoas mais longevas
são aquelas que encontraram motivações suficientemente profundas para viver: um
trabalho profissional que se exerce com afinco e buscando fins nobres,
empreendimentos sociais que visam melhorar a vida de pessoas carentes, os
cuidados com a família etc.
Cedo ou tarde, a vida se torna
insuportável para aqueles que não encontraram uma missão a seguir. Talvez isso
explique a razão de que no mundo moderno, repleto de recursos e facilidades
tecnológicas, as pessoas andem tão tristonhas e desorientadas, procurando nas
drogas, no álcool, no sexo irresponsável e na busca de prazer desenfreado uma
fuga para o imenso vazio que trazem dentro de si.
Nesse cenário, é fundamental que
analisemos periodicamente os rumos que estamos dando às nossas vidas e, principalmente,
que façamos propósitos. Nesse intento, além de traçarmos as metas profissionais,
com maior prioridade haveríamos de procurar melhorar a vida familiar.
Nesse empreendimento – como
também nas grandes construções – convém dar especial atenção aos alicerces.
Assim como um grande e belo edifício pode ruir se houver falhas nas fundações,
também nós fracassaremos se não procurarmos ser homens e mulheres de sólidas
virtudes. Com efeito, como conseguiremos nos lançar num trabalho ou em
iniciativas que melhorem a vida dos outros se não cuidarmos de ser pessoas
generosas?
Dentre os inúmeros propósitos que
fazemos para mudar o mundo deveria vir primeiro o de mudarmos a nós próprios,
cada dia um pouco, numa luta constante e perseverante em pequenos aspectos
concretos. Por exemplo, o desejo de melhorar o relacionamento conjugal pode se
traduzir em pequenos gestos como o de se esforçar por dizer coisas amáveis,
sobretudo quando o outro está mais cansado. A melhora profissional também com
pequenos elogios sinceros aos colegas, ou ainda o saber corrigir com valentia,
mas sem perder a delicadeza.
Tudo ou quase tudo que podemos
fazer para mudar o mundo em que vivemos é mudar a nós próprios.
É curioso notar que quando
analisamos os pequenos e grandes problemas que afligem a humanidade colocamos a
responsabilidade nos outros, nos governantes ou “nas estruturas”. Tais
conclusões, ainda que não de todo equivocadas, são estéreis e desalentadoras. É
que, no mais das vezes, não conseguimos mudar à força os outros ou as estruturas
para que sejam honestas, justas etc. No entanto, podemos nos esforçar para
sermos, nos ambientes em que nos movemos, ainda mais honrados e justos. E isso
não é estéril, nem ineficaz.
Gosto muito de recordar a imagem
da pedra atirada no lago tranquilo num fim de tarde. Forma-se um círculo, e
depois outro e outro, até que todo o lago seja tomado pelas ondas. De certo
modo, algo de semelhante ocorre quando procuramos ser pessoas de virtudes.
Nossas boas obras repercutem nos que nos são próximos e deles se propagam a
muitos outros. E assim contribuímos eficazmente para construir um mundo melhor.
Ao fazemos os nossos projetos
para o novo ano, talvez nos possa servir de lema: Ano novo, luta nova!
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