“Estou cansado! Eu me mato de
trabalhar e o meu colega, que não faz nada, ganha o mesmo salário!”. Certa vez
ouvi essa frase de um rapaz durante um almoço de trabalho. Penso que muitos de
nós já nos deparamos com situação semelhante no ambiente profissional. De fato,
as pessoas são essencialmente diferentes entre si, o que também terá
consequências no seu rendimento. Sendo assim, como será possível evitar o
conflito?
Do ponto de vista do líder, ao
mesmo tempo que persegue resultados, deve agir com justiça em relação aos seus
subordinados. Assim, sobrecarregar cada vez mais o que apresenta bons rendimentos
e manter uma atitude complacente para com o preguiçoso e desleixado é uma
injustiça. No entanto, a justiça exige, também, tratar os desiguais de maneira
desigual. Assim, o bom gestor saberá constatar essas diferenças e, a partir delas,
encontrar o caminho certo para que cada um, devidamente motivado, saiba dar o
melhor de si.
Mas não é esse o enfoque
principal que gostaria de dar à questão. Mais que analisar a atitude do que
exerce a liderança, penso que a solução desses conflitos depende de uma análise
pessoal sobre a postura assumida perante os colegas e o próprio trabalho.
Trabalhar bem e atingir
resultados dependem de um esforço pessoal, mas também influem os nosso talentos
inatos. E ambos – esforço e talentos – não devem ser utilizados apenas para atender
os interesses pessoais. Devemos orientá-los para o bem dos demais: colegas e,
muito especialmente das pessoas que necessitam do nosso serviço.
Nesse sentido, pensar que os
baixos rendimentos dos colegas – reais ou forjados pela nossa imaginação –
justificam que também tenhamos uma atitude desleixada é um terrível
contrassenso. É um grande privilégio poder trabalhar bem. E o maior beneficiado
com isso somos nós próprios. O trabalho realizado com retidão de intenção, com
o propósito de servir e com o desejo de transformar para melhor o mundo que nos
cerca é fonte de imensa alegria.
Não estamos a sustentar,
evidentemente, que se deva estender a jornada de trabalho, roubando tempo à
família ou ao lazer, e nem que as atividades sejam feitas num nível de stress prejudicial à saúde. No entanto,
nas mesmas horas diárias que dedicadas à atividade profissional, podemos encontrar
formas de fazer render mais: talvez cinco minutos a menos no cafezinho, menos
distração na INTERNET etc. Por outro lado, também é possível se esforçar para
estar mais atento e prestativo às pessoas que nos procuram.
Certa vez conheci um grande homem
– bom trabalhador e zeloso pai de família – que tinha um lema bem interessante:
“ninguém vem ter comigo por acaso”. E explicava ele que se determinada pessoa o
procura no ambiente de trabalho, esforça-se para resolver o problema, se
estiver ao seu alcance. E, se a questão não for de sua atribuição, ao menos
procura informar adequadamente onde e como se poderá buscar a solução.
Se nos esforçássemos para assumir
uma postura semelhante no nosso trabalho, a inércia ou ineficiência do colega
não nos incomodaria muito. Os que perdem o tempo com ninharias se deparam, ao
final do dia, com um imenso amontoado de coisas não feitas, por preguiça,
desordem ou comodismo, na verdade são uns infelizes, verdadeiramente dignos de
pena.
Mas há ainda um ponto de
fundamental importância: a mulher e o homem possuem uma imensa dignidade pelo
que são e não pela capacidade de produzir. Não fosse assim as crianças, os
doentes e os idosos seriam pessoas menos dignas, o que é um absurdo. Cada ser
humano vale infinitamente pelo que é e não pelo que faz. Porém, a quem foi dado
o imenso dom de trabalhar e não o utiliza ou o desperdiça egoisticamente será
fadado ao insucesso e à frustração. Por outro lado, aquelas e aqueles que
trabalham com esforço e dedicação, espera-lhes ao final de cada dia a imensa satisfação
de ter feito exatamente aquilo que dela ou dele se espera para ser feliz:
servir, por amor.
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