Grande parte dos problemas
vivenciados pelos casais tem na sua causa ou como consequência uma dificuldade
de comunicação. Não é sem razão que os casais mais sábios costumam aconselhar o
diálogo. No entanto, o simples fato de se conversar pode não resolver a
questão. Com efeito, dependendo da maneira como é estabelecida, a conversa pode
ser origem de conflitos, desavenças e incompreensões. Alguns casais optam pelo
silêncio, agravando o problema. O que é necessário para se comunicar de maneira
eficaz e eficiente?
Um primeiro ponto a se
considerar é que homem e mulher são essencialmente diferentes entre si. Muitos
maridos, sobretudo nos primeiros anos da vida conjugal, esperam da esposa
atitudes masculinas no modo de pensar, sentir e agir diante de muitas
situações.
Tomemos um exemplo. Para um homem,
se alguém lhe comunica um problema, “só pode estar buscando uma solução”.
Assim, quando a esposa lhe relata um fato – do trabalho dela, p. ex. –
imediatamente ele se põe a procurar uma solução e prontamente a comunica. E pior,
depois de sua resposta, pensa que não faz sentido continuar a falar sobre o
assunto. No entanto, para a esposa, relatar alguma dificuldade, pode ser para
buscar empatia e não solução. Ela deseja apenas ser ouvida e compreendida e que
o esposo mostre interesse pelos seus sentimentos e pelo que a angustia.
No entanto, por
desconhecerem essa diferença natural nas naturezas masculina e feminina, acontecimentos
pequenos podem ser causa de desentendimentos: ele pode se aborrecer por ela
retomar um assunto “resolvido”, e ela pode sentir que ele não gosta o bastante
dela, afinal, “nunca a ouve com atenção”.
Outro ponto relevante está nas
expectativas não comunicadas mas que se presumem conhecidas. Se ele prefere divertir-se
na companhia de casais amigos, não entende que ela goste de estar só com ele e os
filhos ou com a família dela. No entanto, a falta de se comunicar tais
preferências “óbvias” resulta em expectativas frustradas. É comum que alguém
fique emburrado, atribuindo ao outro uma atitude egoísta.
A comunicação no matrimônio
tem uma grande inimiga: a imaginação. Muitas vezes a mulher nota algum objeto
deixado fora do lugar e começa a ruminar interiormente: “ele faz isso só pra me
irritar... Não tem outra explicação, afinal, eu já lhe falei mil vezes...”.
Outras vezes é ele que forma juízos “infalíveis”, do tipo: “ela está se tornando
igualzinha à mãe dela”. E então fica procurando em suas atitudes manifestações
do mesmo defeito da sogra de modo a comprovar suas conclusões.
Acontece que alimentar esses
maus pensamentos vai corroendo o apreço pelo outro. Além disso, essas ideias infundadas
mudam a atitude de um com o outro, resultando em hostilidades, cujo motivo o
cônjuge absolutamente desconhece. Por isso, é preciso ter a valentia de cortar
prontamente esses pensamentos distorcidos. Ao contrário, devemos usar a
imaginação para fins mais nobres, pensando nas qualidades do nosso cônjuge, ou relembrando
bons momentos passados juntos e o quanto um já se sacrificou pelo outro na vida
conjugal.
Feitas essas considerações,
é necessário falar, mas com sabedoria e senso de oportunidade. Há momentos que
não são propícios para levantar questões conflituosas. Além disso, há de se
buscar uma forma positiva de dizer as coisas, especialmente quando for
necessária uma crítica. Talvez nos ajude a encontrar um ponto de equilíbrio
considerar que nos casamos para fazer o outro feliz. Para isso, é necessário buscarmos
conhecer nosso cônjuge: suas expectativas, o que lhe agrada e o que de nós
aborrece o outro. Crescer nesse conhecimento leva a um coração cada vez mais
enamorado, carinhoso e compreensivo.
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