As pessoas que se encontram em dificuldade econômica – e estou certo de
que é a maioria – precisam desenvolver três pontos de luta, antes que a
preocupação que as assola possa redundar numa crise de nervos, ou mesmo
problemas psicológicos mais graves, como uma depressão. E penso que o esforço
para se enfrentar com serenidade esses momentos pode se desenvolver em três
aspectos das nossas vidas.
O primeiro deles é a imaginação. Já se disse que é a “louca da casa”. Ela
não é ruim. A literatura, o cinema e a arte em geral encontra nela uma
importante aliada. E não só isso. Precisamos dela para desfrutar de um bom
livro ou reconstruir mentalmente uma cena que nos é contada. Porém, se a
deixamos solta quando algo nos preocupa, talvez nos sugira que vai nos faltar o
necessário, que vamos “quebrar” etc.
A outra é a memória. A necessidade dela dispensa comentários. Porém, também
pode exercer um papel negativo. Talvez ficamos pinçando acontecimentos passados
das nossas vidas para colocar na nossa esposa ou no nosso marido a culpa por
uma dificuldade que estejamos passando.
E um terceiro ponto são os pensamentos distorcidos atuam para nos afundar.
Conheço pessoas que perdem o sono tentando buscar uma solução para os problemas,
remoendo coisas negativas enquanto tentam – em vão – pregar no sono, que não
vem...
Mas, o que fazer? É que não podemos controlar – ao menos diretamente – esses
atributos da alma humana. Com efeito, não adianta dizermos para nós mesmos: “não
posso pensar nisso agora” ou “não convém trazer tais recordações nesse momento”.
Eles simplesmente vêm sem que tenhamos total controle.
No entanto, devemos considerar que, se não conseguimos enfrentá-los
diretamente, se não adianta adianta “brigar” contra eles, podemos atuar
indiretamente, preenchendo o nosso tempo com outras coisas. Assim, podemos desviar
a memória, a imaginação e os pensamentos para coisas mais agradáveis. Ler um bom
livro, assistir um filme, ouvir uma música, esforçarmo-nos para mergulhar
seriamente no trabalho no tempo que tivermos de dedicar a isso e,
principalmente, ocuparmo-nos dos outros. Quando estamos ocupados com os demais,
não sobra tempo para pensar em bobagens.
Talvez nos dirá: “mas isso não é fugir do problema?”. NÃO! No momento
certo, com a cabeça fresca, devemos pensar em todas as possibilidades, com
serenidade. Mais ainda, se somos casados, marido e mulher devem analisar juntos
a situação, sem acusações, com esperança e otimismo. E, se depois de analisar
por todos os lados, não surgir uma solução humanamente viável, pode-se
considerar que “o que não tem solução, solucionado está”. O importante é não
perder a paz.
Agora, para aquelas e aqueles que têm fé, talvez seja o caso de uma última
consideração: “Não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois que o dia de amanhã
se o preocupará de si mesmo. Basta a cada dia o seu afã” (Mt 6, 34).